Opinião
MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES
Gabriel Cabral/Folhapress | ||
Área de experimentos de ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) da Embrapa, em Sinop (MT) |
19/01/2018 08h00
Toda manifestação pública incita a formação de opiniões distintas, natural de uma sociedade rica e plural como a nossa. No entanto, para que o debate seja adequado é necessário, por vezes, ampliar a base de informações, para garantir a clareza dos fatos. Nos últimos dias, a Embrapa está sendo criticada na mídia nacional, seja em manifestações individuais ou citada em estudos sobre a ineficiência das empresas estatais.
Respeitamos as opiniões e críticas, embora muitas delas não façam jus ao compromisso, esforço e idoneidade dessa empresa, que presta serviços à sociedade brasileira há 45 anos.
Por isso, e em respeito aos colaboradores da Embrapa, parceiros e toda a sociedade, trazemos ao conhecimento público informações que entendemos serem cruciais para esclarecer muitos dos questionamentos na imprensa.
A Embrapa nunca está imóvel ou passiva. Em 2017, fez ampla revisão da sua gestão e governança, em resposta ao momento desafiador que o Brasil vive. Para aumentar eficiência, revisou seus processos e estrutura, o que resultou em 2017 na redução de 19 para 6 áreas administrativas e de 46 para 42 unidades de pesquisa e inovação, processo que segue em 2018 em seus centros de pesquisa em todo o Brasil.
Estar na fronteira do conhecimento tecnológico custa caro, e o Brasil investe pouco em pesquisa e inovação. O orçamento público está sempre aquém do necessário e é frequentemente contingenciado. Por isso a Embrapa inova seus processos e amplia suas parcerias. Hoje tem 11.500 convênios e 120 acordos de cooperação tecnológica com parceiros nacionais e internacionais.
E procuramos, sim, conquistar bons salários para os colaboradores, o que muitos chamam apenas de "custo". Bons salários no mundo da pesquisa e da inovação são investimento, que assegura a solidez do seu principal pilar — inteligência e talento.
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A Embrapa tem muito orgulho dos talentos que tem. Incorporou, além de talentos em ciências agrárias, profissionais em múltiplas áreas do conhecimento. Apesar de alguns criticarem a incorporação de jovens de "extração urbana", a Embrapa se orgulha dessa diversidade que complementa saberes para produzir soluções de que a agricultura precisa.
Soluções como os sistemas integrados ILPF; o zoneamento de risco climático; as tecnologias do Plano ABC (agricultura de baixo carbono); o processo de inteligência territorial e macrologística da agropecuária; a resposta rápida a situações de risco, como a que ocorreu em 2014, com o severo ataque da praga Helicoverpa armigera; participação na capacitação de milhares de jovens, em parceria com as universidades; dentre muitas outras.
Um olhar atento à produção recente da Embrapa e seus parceiros explicitará uma enormidade de resultados no âmbito de mais de 80 programas de melhoramento genético e de centenas de projetos na fronteira do conhecimento da produção de grãos, hortaliças, frutas, pecuária, florestas, aquicultura, biotecnologia, nanotecnologia, automação, agricultura de precisão, transformação digital, dentre muitos outros.
A Embrapa é uma empresa plural e aberta ao diálogo e à crítica; submete-se a rigorosos controles e auditorias. Seus gestores são escolhidos em processo aberto, baseado em meritocracia, e suas unidades têm Conselho Assessor; seu Conselho de Administração, com ampla representação externa, atua com rigorosos critérios de verificação do planejamento, aprimoramento da gestão, verificação e validação dos resultados e impactos da empresa.
Nada acontece a esmo e sem critério na Embrapa! A empresa continuará prestando serviços relevantes ao país, como sempre transformando a confiança e o apoio dos produtores rurais e da sociedade em resultados concretos e impactantes para todas as agriculturas do Brasil.
MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES é presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)